Maurício Savarese
Em São Paulo
Diante de uma plateia de funcionários públicos, o candidato do PSDB à Presidência da República, José Serra, afirmou nesta quarta-feira (29) que, se eleito, tem a intenção de promover uma reforma da Previdência, baseada na idade dos contribuintes. O tucano indicou também a necessidade de uma reforma tributária" em fatias, para não unir dez grupos diferentes contra o projeto".
"Eu, particularmente, toda a questão previdenciária eu quero refazer no Brasil de maneira realista, que funcione", disse o presidenciável. "Eu prefiro mexer muito mais na idade do que na remuneração. Essa é uma questão importante, mas há algo que temos de examinar com a abertura, para fazer uma coisa séria. Do contrário, nós ficamos com um pé em cada canoa nessa matéria".
Mais tarde, questionado por jornalistas, o ex-governador de São Paulo afirmou que seus comentários sobre o assunto foram "apenas ênfase", e que é favorável à aposentadoria integral para funcionários públicos. "[Mas] também não precisam se aposentar com 40 e poucos anos", afirmou.
Atualmente, homens têm direito à aposentadoria integral se comprovarem 35 anos de contribuição previdenciária, contra 30 anos das mulheres. Existe também a possibilidade de requerer aposentadoria proporcional - a partir dos 53 anos de idade e 30 anos de contribuição para os homens, e dos 48 anos de idade e 25 de contribuição para mulheres.
Essas modalidades estão sujeitas ao cálculo do fator previdenciário, equação que leva em conta a idade ao se aposentar, o tempo de contribuição e a expectativa de vida divulgada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) para a idade do segurado.
Há ainda a aposentadoria por idade. Nessa categoria, homens e mulheres precisam ter, respectivamente, 65 e 60 anos - para os trabalhadores rurais são necessários 60 anos completos para homens e 55 para mulheres.
O tucano, segundo colocado nas pesquisas de intenção de voto, não defendeu nenhuma idade específica para promover mudanças na Previdência se for eleito. "Tem que examinar as leis", disse ele, que se comprometeu a ter "diálogo com as entidades para formular mais eficiente". O encontro foi promovido pelo Fonacate (Fórum Nacional Permanente de Carreiras Típicas de Estado).
Reforma tributária
Serra, que tenta forçar um segundo turno com a líder nas pesquisas, Dilma Rousseff (PT), acusou o governo federal de não compreender as relações entre o Congresso e as mudanças na legislação tributária, o que impediria um modelo mais eficiente no Brasil. Ele afirmou ainda que a adversária não conseguiria ter profundidade para discutir o assunto.
Em seguida, afirmou ser "quem mais entende" da relação entre Congresso e mudanças na legislação. "Nessa reforma tem que pegar um objetivo de cada vez para que os adversários não se somem", afirmou.
O candidato do PSDB cancelou dois eventos a que compareceria nesta quarta-feira no Estado: uma visita à cidade de São José dos Campos e outra a Osasco. No início da noite ele fará uma caminhada em Barueri, na região metropolitana da capital paulista, e termina o dia com um ato de campanha na Mooca, bairro onde nasceu na zona leste de São Paulo.
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