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quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Ação Popular (esquerda cristã)




A Ação Popular (AP) foi um movimento político nascido em junho de 1962, a partir de um congresso em Belo Horizonte, resultado da atuação dos militantes estudantis da Juventude Universitária Católica (JUC) e de outras agremiações da Ação Católica. A partir de seu segundo congresso, realizado em Salvador, a AP decidiu-se pelo "socialismo humanista", buscando inspiração ideológica em Emmanuel Mounier, Teilhard de Chardin, Jacques Maritain e Padre Lebret. Teve uma vertente protestante, cujo representante mais conhecido foi Paulo Stuart Wright.

Foi composta principalmente de lideranças estudantis entre as quais se destacaram Herbert José de Souza (o Betinho), Jair Ferreira de Sá, José Serra, Vinícius Caldeira Brant, Aldo Arantes, Haroldo Lima, Duarte Lago Pacheco, entre outros, contando ainda com a a participação de lideranças camponesas e operárias. Em certas áreas, como no Estado de São Paulo onde o coordenador foi Franz-Wilhelm Heimer, a sua atividade principal situou-se no domínio da cultura popular e da alfabetização de adultos, de acordo com as concepções de Paulo Freire.

Antes de 1964, circulava seu periódico Brasil Urgente, fundado por Frei Carlos Josaphat. Após o golpe militar, a organização teve seus principais quadros jogados na clandestinidade ou exilados.

A AP deslocou militantes para as fábricas e para o meio rural, tendo realizado experiências em meios populares como o ABC paulista, a Zona Canavieira em Pernambuco, a Região Cacaueira da Bahia, a área de Pariconha e Água Branca, em Alagoas, e no Vale do Pindaré, no Maranhão.

A AP foi acusada do atentado ocorrido em 25 de julho de 1966 no Aeroporto dos Guararapes em Recife - Pernambuco que ocasionou na morte de duas pessoas e 15 feridos. Os mortos no atentado foram o Secretário de Governo de Pernambuco na época, Edson Régis de Carvalho, e o almirante da reserva Nelson Gomes Fernandes.

Em 1968, surge a dissidência do PRT, liderada pelo Padre Alípio de Freitas, por Vinícius Caldeira Brant e Altino Dantas. Posteriormente, passou a ser conhecida como AP Socialista, aproximando-se da POLOP e do MR-8. Em março de 1971, a AP adotou formalmente o leninismo e se proclamou partido, com a denominação de Ação Popular Marxista-Leninista (APML).[1]

Com base em seu Programa Básico, a APML propôs ao PC do B e a outras organizações de inspiração leninista a conjugação de esforços para a formação de um partido proletário. O PC do B não aceitou, considerando o Programa Básico "excessivamente trotskista", e reagiu sobretudo à pretensão de formação de um único partido do proletariado - que já seria o próprio PCdoB. Afinal a APML cedeu, aceitando o PC do B como único partido revolucionário e adotando as suas linhas doutrinárias: stalinismo irrestrito, que se tornou o universo ideológico comum de ambas organizações, e a caracterização da sociedade brasileira e da revolução brasileira.

Após a fusão do grupo maior ao PC do B, a AP Socialista foi praticamente desarticulada pela brutal repressão desencadeada pela infiltração do ex-militante Gilberto Prata Soares, que levou às mortes de José Carlos da Mata Machado e Gildo Macedo Lacerda, e aos desaparecimentos de Paulo Stuart Wright, Honestino Guimarães, Humberto Câmara Neto, Fernando Augusto Santa Cruz de Oliveira e Eduardo Collier Filho, além da prisão de militantes e simpatizantes em vários estados do país.

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